à natação e minha irmã passou para me buscar, acabamos com
o engate do carro dela debaixo do pára-choque do carro de trás.
Para seu desespero e o constrangimento geral, ao engatar a ré para tirar seu carro
estacionado do lugar, o engate encaixou embaixo do pára-choque do malfadado Vectra.
Desci do Ka da minha irmã e segui os três (ela e dois amigos aos quais havíamos oferecido carona), que foram admirar o estrago e o dilema.
Não sabíamos o que fazer, e havia testemunhas: pelo menos o segurança
da escola de inglês do outro lado da rua e o menino com cara de assustado
na frente de um sebo fechado.
Foi decidido que minha irmã aceleraria o carro, enquanto nossos amigos
fariam pressão do lado de fora e eu, peso do lado de dentro. Foi mais esse infortúnio
desastroso que levou abaixo metade do pára-choque do velho Vectra.
Aí, sim, tínhamos um dilema.
Escrevi um bilhete de desculpas, deixando no pára-brisa do desconhecido nosso telefone para que pudéssemos "resolver o problema".
No caminho para casa, o acontecido foi o suficiente para catalisar na minha irmã o sentimento de culpa e vergonha e a certeza de que o universo conspira contra sua felicidade automobilística.
"Acontece", foi o consolo que encontramos.
"'Acontece, acontece': é só o que todo mundo sabe dizer. Acontece...", ela disse lembrando do seu histórico como motorista; "Enfiar o carro na traseira de outro, acabar a bateria, queimar a luz do painel... acontece..."
O máximo que encontrei foi: "mas até com o Hamilton acontece".
Ainda estamos esperando a ligação do dono do Vectra caindo aos pedaços,
como chamou minha mãe. Ela, aliás,
já preparou o discurso para quando o infeliz ligar: "Põe a culpa nele. A melhor defesa é o ataque".
Talvez a gente diga: "é, acontece."