quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Dentes, pátria e seres humanos fedidos.

Sempre há pessoas fedidas na biblioteca. Dessa vez, quando um velho fedido sentou no lugar ao lado do meu, eu não me surpreendi. Porém, eu arrisquei olhar para o indivíduo, e então eu vi: os dentes dele, para fora e para frente, todos podres. Era um necrotério dentário, uma dentadura moribunda... e eu sentia o cheiro da podridão do monsieur. Ele respirava e tossia para o ar o cadáver em decomposição que morava ali dentro.


Quando os inúmeros estrangeiros, com seus sotaques imperfeitos e suas caras inseguras, solicitam um visto de permanência, uma das exigências do governo francês é um exame médico, no qual o médico mal-humorado que os recebe verifica, entre a rotina de exames, seus dentes.
Se ter uma boa higiene bucal é uma condição para um estrangeiro residir na França, por que o Estado não expatria os franceses que não cuidam dos dentes, logo, do bem-estar nacional?
Da próxima vez, monsieur, eu vou vomitar em cima da sua pesquisa. E, ao invés de levantar em desespero à procura de um outro lugar, eu não vou reprimir meu impulso e vou te agredir fisicamente.