tag:blogger.com,1999:blog-5480246218729073662024-03-08T12:31:38.342-08:00O Mundo segundo Madame B.*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.comBlogger23125tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-38363656854098736242010-11-08T05:17:00.000-08:002010-11-08T05:17:51.017-08:00Chata ou Sans soleilAcho que a falta de vitamina D está me deixando amarga e reclamona.<br />
Ou seria tempo demais exposta aos franceses...?*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-40339471534204146352010-11-07T08:59:00.000-08:002010-11-07T08:59:46.811-08:00Alô, comunidade(Notas sobre meu novo endereço, na cidade universitária.)<br />
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Toc toc toc nheee BLABLABLA toc toc toc rrrrr BLA BLA bla bla BLA (em uma língua do Leste Europeu) toc toc TOC TOC NHEEE.<br />
Quanto barulho a vizinha de cima pode fazer ininterruptamente em tão poucos metros quadrados?<br />
Acho que hoje ela recebeu amigos para o almoço, cujo menu incluía massa e pedacinhos misteriosos de frango (?) cozidos numa grande panela por 2 meninos altos.<br />
Mas por que eles fazem tanto barulho no terceiro andar? <br />
<br />
Viver em comunidade é um exercício constante de paciência, de curiosidade para com a vida alheia, de inveja dos outros prédios mais novos e mais bonitos e de falta de vergonha para andar pelos corredores despenteada e de roupão. É um desafio; sobretudo o de se desprender de coisas mundanas como a própria privada, o próprio chuveiro, a própria rede de internet, as próprias placas elétricas do fogão, a própria privada. <br />
E a própria vida privada de todos os moradores fica no limite tênue dessa prática compartilhada entre estranhos - moramos juntos, mas separados. Dividimos as mesmas privadas, mas não nossas vidas.<br />
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Eu não sei se eu vou ficar amiga da carioca do 160, do oriental que cozinha legumes e verduras (enquanto eu faço meu prato monotemático macarrão-à-bolonhesa), do menino fefelechento que deixa a porta aberta, do meu vizinho musculoso...<br />
Aliás, um dos documentos que eu vou ter de fornecer à longa lista de chateações burocráticas neste país é um certificado de aptidão para a vida em coletividade*. Eu não sei se eu estou apta a viver em coletividade, eu não aguënto, por exemplo, a burocracia francesa. E eu não gosto de dividir privada. <br />
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Mesmo assim, por enquanto, estou tentando aprender a viver na coletividade do prédio Gréard, Porta C. <br />
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*É um atestado médico, na verdade, mas que, só pelo título, e outras coisas mais, vai para a coleção de absurdos dos franceses.*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-79056139802767863132010-10-07T12:41:00.000-07:002010-10-07T12:41:12.567-07:00Dentes, pátria e seres humanos fedidos.<span style="font-size: small;">Sempre há pessoas fedidas na biblioteca. Dessa vez, quando um velho fedido sentou no lugar ao lado do meu, eu não me surpreendi. Porém, eu arrisquei olhar para o indivíduo, e então eu vi: os dentes dele, para fora e para frente, todos podres. Era um necrotério dentário, uma dentadura moribunda... e eu sentia o cheiro da podridão do monsieur. Ele respirava e tossia para o ar o cadáver em decomposição que morava ali dentro. </span><br />
<span style="font-size: small;"> </span><br />
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Quando os inúmeros estrangeiros, com seus sotaques imperfeitos e suas caras inseguras, solicitam um visto de permanência, uma das exigências do governo francês é um exame médico, no qual o médico mal-humorado que os recebe verifica, entre a rotina de exames, seus dentes.<br />
Se ter uma boa higiene bucal é uma condição para um estrangeiro residir na França, por que o Estado não expatria os franceses que não cuidam dos dentes, logo, do bem-estar nacional?<br />
<h6 class="uiStreamMessage" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: small;">Da próxima vez, monsieur, eu vou vomitar em cima da sua pesquisa. E, ao invés de levantar em desespero à procura de um outro lugar, eu não vou reprimir meu impulso e vou te agredir fisicamente. </span></h6>*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-18110800991263705912010-05-13T09:40:00.000-07:002010-05-13T09:46:05.250-07:00Paixão nacionalO esporte favorito dos franceses não é reclamar-e-bufar, não é comprar a Copa do Mundo, não é ser arrogante nem beber vinho nem fazer manifestações. O esporte dos franceses é correr.<br />Corre-se na neve, corre-se sob chuva, corre-se de All Star e no metrô.<br />Corre-se sozinho ou em grupo.<br />Hoje eu vi uma família toda correndo no parque - o pai, a mãe, a filha e o poodle. Na terceira volta o pobrezinho já escancarava a língua e não alcançava nem a menina.<br />Eu só não entendo, meu Deus!, para onde vai tanta endorfina?!*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-64324555530553246692010-05-07T16:02:00.000-07:002010-05-07T16:47:42.243-07:00A tua cozinha tá cheia de ratosNo Oriente, conta-se que o rato trouxe o arroz ao ser humano. Hoje, em Paris, a lenda vive.<br /><br />Há mais de 6 milhões de ratos na cidade. Dependendo da área, a densidade demográfica desses roedores urbanos pode chegar a um número de 8 a 10 ratos por habitante. Em cinco anos, a população aumentou 40%. Eles são criaturas espertas e resistentes, segundo os cientistas, e são capazes de escalar, nadar, cavar... e cozinhar.<br />Desde o mês passado, eles têm me chamado a atenção por suas aparições repentinas e fugazes e freqüentes, e pela revelação de um sub-mundo oculto de ratazanas e camundongos.<br /><br />Hoje, fui com a Laura ao restaurante japonês por onde passou o cineasta japonês Takeshi Kitano quando ele veio a Paris. Isso foi uma grande descoberta da Laura, e um atestado da autenticidade do sushi servido ali. Como já era tarde, no salão do térreo só havia eu, a Laura e as duas japonesas sorridentes no balcão. Porém, enquanto eu tentava pegar o arroz com os palitos e ouvia a Laura falar sobre neologismos e traduções, ouvimos um barulho sutil e rápido que vinha do chão, e sentimos a Presença de uma criatura que passou pelos pés das mesas e cadeiras até entrar debaixo do sofá onde a Laura estava sentada. Eu olhei tentando procurar a origem do barulho, e vi: o vulto de um ratinho. O vulto de um ratinho no restaurante.<br /><br />Vamos dar nossos cumprimentos ao chefe, Laura. Você não vai terminar de comer? Foi ele que preparou!<br /><br />Fonte, para dizer que eu não estou exagerando: http://www.liberation.fr/vous/0101626131-rats-de-maree-sur-paris*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-12969141237637657362010-05-06T01:52:00.000-07:002010-05-06T01:57:05.341-07:00RatatouilleCriaram Ratatouille para que, quando a gente visse um rato em Paris, nosso nojo fosse imediatamente substituído pela imagem fofa de uma comunidade secreta de ratos gordinhos da Disney.*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-10396954758317774452010-04-11T15:07:00.000-07:002010-04-11T15:22:01.615-07:00Springtime for SarkozyHm... algo está acontecendo com Paris. Finalmente as folhas da árvore do vizinho vão bloquear sua possível vista da minha janela sem cortina, faz uma semana que não chove e a fonte da Porte Dorée voltou a funcionar, e a fazer um barulho de chuva. Nesse fim-de-semana, os vizinhos ricos do meu vizinho rico dono da árvore fizeram suas refeições no jardim e celebraram a primavera e o judaísmo.<br />Bicicletas, corredores, crianças, o Louco do Cabelo Branco... as ruas estão tomadas por eles.<br /><br />Estaria o pólen alterando a percepção dos franceses?<br /><br />...<br /><br />Isso não é uma pergunta retórica. Paris, I'll be watching you.*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-9174974920432222992010-03-24T14:19:00.000-07:002010-03-24T15:08:36.510-07:00Lavando a roupa sujaTodas as (poucas) vezes em que eu fui à lavanderia para lavar minha roupa de cama e o resto, eu acabei me enganando e sofrendo por antecipação com a preguiça e o esforço da tarefa doméstica de levar a roupa para lavar. Nunca foi tão penoso assim.<br /><br />Eu sempre escolho o programa de lavagem mais curto e trago e um livro, no qual eu nunca consigo me concentrar, porque fico olhando para as outras pessoas, por exemplo para esta senhora fumante que acabou de abrir um pacote de presunto e engolir uma fatia inteira como uma batatinha. Aparentemente ela também não consegue se concentrar na revista que está lendo, "L'euro et la crise", e sorriu para mim quando eu cheguei. Sentada na outra dupla de banquinhos vermelhos, está uma chinesa impaciente. Ela não trouxe um livro nem uma revista, e não escolheu o programa mais curto.<br /><br />Eu já vi um soldado do exército lavando seu uniforme e umas meias sujas, uma senhora gorda ocupando duas máquinas de secagem por vários ciclos e jovens desocupados que não vieram para lavar a roupa. Quando decidiram sair, eles seguraram a porta para uma mulher alta, magra e loira que carregava um grande e pesado cesto de roupas. Depois do gesto automático de gentileza, o olhar deles percorreu de baixo a alto toda a extensão das pernas da moça, semi-cobertas por uma meia calça obscena que terminava justamente onde acabava a mini-saia dela, imediatamente depois da curva de seu derrière. O olhar ficou lá, mas o queixo caiu.<br /><br />Tem gente que carrega a máquina e sai, depois vem buscar as roupas lavadas...<br /><br />(Ah, as manchas de chá não saíram da minha toalha, nem o amarelo misterioso na gola do meu pijama).<br /><br />Eu acabei de descobrir quem cuida da lavanderia, que é mais ou menos uma terra de ninguém, ou um lugar governado pela máquina de pagamento que ativa as máquinas de lavar e secar: é o homem que cuida das bombas de gasolina logo ao lado (vulgo "posto de gasolina"). Ele gritou de fora para o menino desocupado que resolveu entrar e sentar na mesa usada para dobrar as roupas. "Não pode sentar na mesa!"<br />O menino tem uns 14 anos, pose de malandro, cara de mau, gel no cabelo curto, jaqueta de couro e atitude de dominador do mundo.<br />"Ah, não pode? Por quê?"<br />O senhor explicou que as pernas da mesa não são firmes.<br />"Não está escrito em lugar nenhum", peitou o menino.<br /><br />A juventude francesa é um grande desperdício, é uma grande massa de rebeldes sem causa, seja pelos protótipos dos cantores de hip hop da periferia, seja pelos burguesinhos de cabelo emo, mas isso fica para outro post.*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-32789839724318539592010-03-22T14:01:00.000-07:002010-03-22T15:24:41.465-07:00Show me your smileHá 2 semanas, eu saí correndo para imprimir uns arquivos na lan house do Árabe, um homem baixinho, magro e simpático, de origem oriental não identificada e que pensa que no Brasil se diz "buenos dias"*. <br /><br />A Lan House do Árabe é um lugar pequeno, habitado por cabines telefônicas, computadores, uma máquina de xerox e uma impressora. A bancada onde fica o Árabe é decorada com cartões telefônicos de lugares longínquos, e notas de dinheiro de vários países.<br />Todo dia, das 09h00 às 01h00, ela abre suas portas para o mundo, e gente do mundo todo vai lá para fazer ligações internacionais, acessar a internet, xerocar, imprimir e sorrir para o Árabe: mulheres gordas com trajes africanos, senhoras muçulmanas de véu, adolescentes desocupados, velhas francesas que não sabem fazer cópias, homens de meia-idade com pen drives, meninas com maquiagem e cabelos esticados, árabes amigos do Árabe...<br /><br />No sábado em que eu corri para imprimir as coisas na lan house, depois do Árabe tentar me explicar 4 vezes** que eu poderia usar o pen drive dele e um dos computadores dele para preencher novamente o PDF que não saía do meu computador com as alterações salvas (preenche de novo, ué), eu ouvi uma conversa (parte de uma, na verdade) (enquanto o Árabe pensava como essa menina brasileira é meio maluca...).<br /><br />Dois computadores à minha direita, um homem careca usava um fone de ouvido e conversava pela internet num inglês cheio de sotaque (dizendo o "r" como em poRta, ou bRaço, por exemplo) com uma mulher. Conforme eu ia copiando tudo de novo para os espaços do PDF, entre as teclas trocadas do teclado francês e os farelos de croissant da mesa, eu ouvi:<br /><br />"Então você acha que pode vir viver aqui em Paris comigo?"...<br /><br />E eu comecei a dividir minha atenção com a conversa, que ele continuou com esta frase que não me convenceu:<br /><br />"Nem me fale em crianças que eu começo a chorar... É tão bonito..."<br /><br />Mas depois de alguns momentos que o PDF me fez perder, ele disse:<br /><br />"Você é tão bonita. Me mostre seu sorriso... Oh, I love you."<br /><br />Eu levantei para pegar as 10 páginas que imprimi errado e as que eu imprimi certo, e voltei ao computador 3 para guardar minhas coisas. A última coisa que eu ouvi foi:<br /><br />"Então você acha que pode preparar sua vinda para Paris?"<br /><br />E assim, atrasada, eu fui pagar o Árabe e pegar o metrô para encontrar a Laura, e deixei o careca apaixonado tentando trazer sua amada de algum país distante. Oh, love is so beautiful.<br /><br />* Esforço válido.<br />**Eu não conseguia dizer que o arquivo não salva as alterações, por que não dá para imprimir direto do meu computador? Aqui tem internet...*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-88320437182239578792010-03-20T05:38:00.000-07:002010-03-20T06:28:23.449-07:00A palavra da cidadeOutro dia eu estava lendo um best-seller no qual a autora dizia que cada cidade tem a sua palavra, uma palavra que ressoa, um eco. Eu acho que a palavra de Paris é "ORGULHO". Por baixo de cada pensamento das pessoas, tem a palavra "orgulho". Orgulho por baixo dos saltos altos e da maquiagem das meninas, dentro das pastas e dos bolsos dos executivos, embaixo dos bonés dos meninos da periferia, atrás dos óculos das senhoras do metrô, preso nos cabelos das crianças e saindo da caneta dos universários. O orgulho cresce nos parques, segura os prédios e faz compras no supermercado.<br /><br />Talvez seja um orgulho que tenha vários motivos, diversas origens, jeitos de se mostrar e de se julgar, mas, de qualquer jeito, o eco que eu escuto agora em Paris é "orgulho".*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-57119464083761911052010-03-12T13:18:00.000-08:002010-03-12T14:21:39.391-08:00Estação Place d'ItalieAs inúmeras passagens subterrâneas de Paris guardam abaixo da Place d'Italie, no 13˚ arrondissement, a estação Place d'Italie, da linha 6 do metrô, a verde-clara (e também a 5, laranja, e a 7, rosa).<br /><br />A Place d'Italie é onde começa o Chinatown da cidade, que também é habitado por indianos, latino-americanos, africanos, japoneses, franceses, árabes... Mas sua atração mesmo é o que há embaixo, onde toda essa diversidade cultural se une.<br /><br />A grande massa anônima que circula pelos corredores sem ventilação do metrô tem suas pequenas recompensas diárias. De manhã, alternam-se ao lado da máquina distribuidora de bebidas e porcarias de comer duas duplas de artistas - os peruanos com suas flautas típicas e o hit da colonização (música-tema do filme "1492"), e a mulher loira cantora, com seu ajudante de cabelo branco. Os peruanos exibem seu CD à venda, e a mulher loira cantora canta bem alto no microfone músicas francesas. Todos têm a caixa de som para aumentar a potência do seu show pelas paredes da Place d'Italie.<br /><br />Existem também artistas nômades entre os vagões dos trens. Um deles, por exemplo, o que tem sotaque hispânico, canta com seu violão o imutável combo: "Stand by Me", "Cantare, ô, ô" e, para terminar e agradar os autóctones, "Champs Elisées". E tem também o semi-bêbado que fede e acha que sabe cantar, mas é desafinado e pensa que vai agradar os viajantes desse jeito... Ele, particularmente, me irrita, mas ganha gorgetas.<br /><br />Ele podia se juntar aos bêbados que vivem na gare da linha 7. Cada um tem seu saco de dormir e sua garrafa de vinho. Eles estão sempre conversando, ou bebendo, ou fumando, ou jogando cartas, ou lendo. Porém, não se misturam com as armênias, que ficam sentadas sobre as escadas dos corredores, com a mão estendida e com plaquinhas de papelão pedindo misericórdia.<br />Se você tiver muita sorte, por volta das 15h00, pode encontrar o mendigo mais bonito que eu já vi na minha vida. Ele tem por volta de 27 anos, é limpo, possui uma mochila, e senta-se na escada em direção à linha 6 com uma placa: "J'ai faim". Fome do quê, homem?<br /><br />A estação Place d'Italie também possui seus odores típicos. Com a má circulação do ar, e a pouca preocupação com a limpeza nesse país, o metrô exala um cheiro agridoce crônico, que mistura os produtos de limpeza com o cheiro dos mendigos e das pessoas e do trem que passa.<br /><br />Um outro aspecto da estação é seu comércio ambulante. De novo, se você estiver no lugar certo e na hora certa, pode encontrar expostos sobre os tecidos dos indianos muitos filmes piratas e objetos como cintos, luvas, gorros, colares, carteiras, relógios, todos de marca. Ao lado de seus produtos, os indianos ficam de pé em duplas, observando as meninas que desfilam ecoando o barulho dos saltos e as adolescentes que passam rindo e atrapalhando o fluxo.<br /><br />Eu passo também, desviando delas e tentando ser positiva e pensar que, por exemplo, melhor que a Place d'Italie na hora do rush, existe Chatêlet-les Halles...*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-76540039635525178552010-03-12T13:09:00.000-08:002010-03-12T13:14:20.679-08:00ParisSabe aqueles guias de viagem fru-frus para impressionar brasileiros, que dizem o quanto Paris é uma cidade mágica e recomendam segredinhos imperdíveis da cidade e macarons e soirées e lojas e museus... Eles irritam. Então Madame B. decidiu fazer seu próprio guia.*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-30665034974781935912009-09-09T11:39:00.000-07:002009-09-09T11:43:47.401-07:00MalasOh-là-là!<br />Madabe B. faz as malas!*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-85423992355780680652009-05-04T20:26:00.000-07:002009-05-04T20:33:31.290-07:00S.O.S.Ontem eu quase chorei lendo um teste do suplemento para homens da Cosmo ("que tipo de homem ideal é você?").<div><br /></div><div><div><div>Não sei se estou tendo uma variação hormonal, se voltei a acreditar em príncipe encantado ou se estou virando emo.</div></div></div>*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-60298939182899404342009-04-30T12:05:00.000-07:002009-04-30T12:14:06.411-07:00VoltarVoltei com a cabeça mais longe do pescoço,<div>os pés cheios de rastros, os olhos em todos os lugares e o coração inchado.</div>*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-79442051542110095652009-03-10T17:39:00.000-07:002009-03-10T18:34:21.747-07:00AconteceEm uma série de infortúnios por causa dos quais eu deixei de ir <div>à natação e minha irmã passou para me buscar, acabamos com</div><div>o engate do carro dela debaixo do pára-choque do carro de trás.</div><div>Para seu desespero e o constrangimento geral, ao engatar a ré para tirar seu carro</div><div>estacionado do lugar, o engate encaixou embaixo do pára-choque do malfadado Vectra.</div><div>Desci do Ka da minha irmã e segui os três (ela e dois amigos aos quais havíamos oferecido carona), que foram admirar o estrago e o dilema.</div><div>Não sabíamos o que fazer, e havia testemunhas: pelo menos o segurança</div><div>da escola de inglês do outro lado da rua e o menino com cara de assustado</div><div>na frente de um sebo fechado. </div><div>Foi decidido que minha irmã aceleraria o carro, enquanto nossos amigos</div><div>fariam pressão do lado de fora e eu, peso do lado de dentro. Foi mais esse infortúnio</div><div>desastroso que levou abaixo metade do pára-choque do velho Vectra.</div><div>Aí, sim, tínhamos um dilema.</div><div>Escrevi um bilhete de desculpas, deixando no pára-brisa do desconhecido nosso telefone para que pudéssemos "resolver o problema".</div><div>No caminho para casa, o acontecido foi o suficiente para catalisar na minha irmã o sentimento de culpa e vergonha e a certeza de que o universo conspira contra sua felicidade automobilística. </div><div>"Acontece", foi o consolo que encontramos.</div><div>"'Acontece, acontece': é só o que todo mundo sabe dizer. Acontece...", ela disse lembrando do seu histórico como motorista; "Enfiar o carro na traseira de outro, acabar a bateria, queimar a luz do painel... acontece..."</div><div>O máximo que encontrei foi: "mas até com o Hamilton acontece".</div><div>Ainda estamos esperando a ligação do dono do Vectra caindo aos pedaços,</div><div>como chamou minha mãe. Ela, aliás,</div><div>já preparou o discurso para quando o infeliz ligar: "Põe a culpa nele. A melhor defesa é o ataque".</div><div>Talvez a gente diga: "é, acontece."</div><div><br /></div>*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-52484469294580646652009-03-07T18:50:00.000-08:002009-03-07T19:13:56.235-08:00Amor nos tempos do .comEstava com minha irmã numa lan house em Santo Antônio do Pinhal,<div>uma cidade minúscula que em poucos meses passou a ter de uma a pelo menos</div><div>cinco lan houses na mesma avenida principal, numa tentativa de ocupar a </div><div>cabeça vazia dos adolescentes com jogos, msn e orkut. </div><div>Era Carnaval, e as cabeças vazias estavam ocupadas com o axé e o álcool da festa</div><div>organizada pela prefeitura na praça da rodoviária.</div><div>Eis que entra na lan house um velhinho com cara de avô. Ele estava de shorts</div><div>e tênis, e parecia um daqueles simpáticos senhores que ocupam seu tempo</div><div>com alongamentos e caminhadas matinais - e, aparentemente, com internet.</div><div>Deixamos o velho em paz, até que minha irmã não resistiu espiar</div><div>a tela em que ele navegava: ParPerfeito.com, num cuidadoso estudo</div><div>do perfil de uma senhora que tivera coragem de enfeitar sua página</div><div>com uma foto sorridente. </div><div><br /></div><div>Ah, no meu tempo... </div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div>*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-87471439014883088682008-12-06T16:35:00.000-08:002008-12-06T18:42:51.221-08:00Coisas de fim de ano<div>Amigos-secretos, reencontros, compras, pisca-piscas, votos de felicidade, férias, Papai Noel... As pequenas tradições das festas agitam o fim do ano. Uma ebulição toma conta da família para arranjar a árvore de Natal, organizar a ceia... Na casa de quem esse ano? Quem vai cozinhar o peru? Quem vai se vestir de Papai Noel? </div><div>Há quem ame e há quem odeie essa época, tempo de rever a parentela, disfarçar as brigas e as feridas de família na troca de presentes e ganhar um novo bronzeado na praia.</div><div>Pela cidade, as lojas não fecham, e até neva. Uma maravilha. </div><div>É também momento de fazer doações, cumprir promessas e assistir a especiais na tevê.</div><div>Já comecei inclusive a pensar nas minhas resoluções de ano-novo, as mesmas de sempre, que eu costumo deixar para os últimos 10 ansiosos minutos do ano.</div><div>Por aí, tem gente que tem pavor a envelhecer mas comemora feliz a chegada de mais um ano. Ou menos um ano.</div><div>Aliás, e se essa virada for finalmente o fim do mundo? É melhor se preparar também para o apocalipse.</div><div>10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1... </div><div><br /></div><div> </div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div>*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-57436295698391565422008-11-19T11:43:00.000-08:002008-11-19T11:44:55.672-08:00NãoQueria saber falar não!<div>*</div><div>Desfecho da última história: de-repentemente terei um celular</div><div>de madame.</div>*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-91123563798947629952008-11-18T13:11:00.000-08:002008-11-18T13:21:58.891-08:00Dor de ouvidoMeu telefone celular decidiu ficar muito conveniente.<div>Parou de deixar que as pessoas me escutem.</div><div>Primeiro eu achei que elas estavam surdas, mas depois eu vi que não.</div><div>Então, liguei na Tim e pedi um aparelho novo, o qual eu ia conseguir pegar, se não</div><div>fosse pela Lentidão que dominou o Sistema deles o dia inteiro. Eu liguei quatro vezes, e fui uma vez à loja para ver os modelos. Vou ligar mais uma, é claro.</div><div>Como se isso não fosse o suficiente, em todo esse processo, eles nos obrigam a entregar nossos ouvidos como reféns ao português judiado das atendentes. Se eu fosse a Tim, dava um curso de gramática para elas, coitadas.</div><div>Hoje eu juro que eu ouvi que, <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold;">de-repentemente</span></span>, eu poderia estar adquirindo um pacote de dados. E ela nem estava ao telefone. E eu nem sabia o que era pacote de dados. Jogou o "de-repentemente" duas vezes na minha cara. Imagine quantas vezes ela não fala isso por dia!</div>*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-78848801421753246022008-11-17T11:42:00.000-08:002008-11-17T12:02:39.429-08:00De tiaras, TCC e sonhosO Vitor perguntou se nesse blog eu falaria dos meus sentimentos. Daí eu respondi com um grande e gordo "não", porque eu não tenho sentimentos que interessem ao grande público, nem fatos da vida. Por exemplo, eu poderia contar que no sábado descobri o mundo mágico das tiaras e comprei seis, e que hoje sonhei que estava em Paris, mas Paris virou o Rio de Janeiro, e eu, minha mãe e minha irmã estávamos andando por uma escadaria muito escura, cheia de marginais, trombadinhas e traficantes, mas no meio do caminho tinha um hotel de luxo, o "Fischer 5". Eu tentei associar e descobrir algo reprimido ligado a esse nome, mas não consegui. <div>E poderia contar que escrevi a dedicatória do meu TCC, mesmo sem ter o TCC escrito.</div><div>E que estou um pouco doente.</div><div>Quem se interessaria? Ninguém, porque eu ainda não saio regularmente no site da People. </div>*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-32294606501566330952008-11-12T12:00:00.000-08:002008-11-12T12:26:55.344-08:00IlhaEstou ilhada porque não tenho um barco para voltar para casa e não<br />quero ver um taxímetro contando o trânsito das seis da tarde.<br />Ia deixar um pensamento para enobrecer a alma, mas<br />vou deixar para depois.<br />Acabo de ser invadida por um grande sentimento de compaixão para com o motoboy<br />honesto e trabalhador - este é, dizem - que chegou encharcado para fechar o serviço.<br />Depois de ter ido ao outro lado da cidade, ele tinha ido ao aeroporto de Congonhas fazer um trabalho que, chegando lá, não deu certo.<br />Sabe-deus aonde ele vai ainda. <br />Queria ser a Nossa Senhora para abençoar todos os trabalhadores bons do mundo que têm de se molhar.*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-548024621872907366.post-40181517478671380512008-11-11T12:30:00.000-08:002008-11-11T12:38:14.594-08:00O Mundo segundo Madame B.<span style="font-family: georgia;">Eu fiz um blog porque estava com preguiça de fazer outras coisas.<br /><br /><br /><br /></span>*http://www.blogger.com/profile/12432922335289181946noreply@blogger.com3